O Nobel Dylan e os mixed feelings que isto me dá
A internet "crashou" há alguns momentos quando o Nobel da Literatura foi relevado: Bob Dylan. E a falta de consenso não podia ser maior, ou amam ou odeiam, a mim, dá-me apenas alguns (muitos) mixed feelings.
Se por um lado dou as maiores e mais sinceras felicitações ao artista e arquitecto musical que é Dylan, por outro, no que à literatura diz respeito, sou ainda uma quadradona. Vejamos:
-Há quem diga que o Dylan ganhar um Nobel é o equivalente a um escritor ganhar um Grammy porque uma obra sua foi musicada; correcto
-Mas não poderão os poemas das letras de Dylan ser considerados, literatura? E para não falar só de Dylan. Freddy Mercury, Janis, Bob Marley. Não foram todos eles letristas de obras fantásticas? Contudo
-Se não fossem musicadas o efeito seria o mesmo? Teriam as letras de Dylan chegado a nós da mesma forma e com a mesma intensidade, se fossem "apenas" literatura?
Já o prémio do ano passado foi muito criticado por ter sido atribuído a Svetlana Alexievich, uma jornalista ucraniana de não-ficção. Há quem não considere este género um estilo literário, mas sabem que mais escrevia não-ficção? Churchill, Hemingway, Max Weber, Martha Gelhorn, entre tantos outros brilhantes escritores. Posto isto, será o Nobel de Dylan a consagração de um letrista, musicólgo e poeta e a abertura dos horizontes estritos e sérios da academia sueca?
Não me choca o prémio para Dylan, apenas ainda não o digeri muito bem.
Enquanto isto, a dona Alice Vieira já diz que é ridículo e que para o ano vai o Quim Barreiros à nomeação. Na minha terra isto tem um nome - cotovelite dolorosas!
Sarah