Que orgulho neste rapaz!
A maioria de nós, espectadores portugueses, conheceu-o a fazer sketches de comédia no Herman SIC. Já nessa altura o tipo era bom, mas agora? Agora é o melhor actor de da secção Horizontes do festival de Veneza.
Poderoso não? Para a maioria dos portugueses, o nosso cinema não vale um chavo. É chato, muito "Manuel de Oliveira", coisa para entreter mortos. Contudo, para quem da o corpo ao manifesto pela arte de ser artista em Portugal, tiro-lhes todos os dias o chapéu.
Trabalhamos por projecto e enquanto há trabalho. Vivemos dependentes do passa-a-palavra e do "pode ser que até ao fim do ano haja financiamento". É desesperante. Os nossos pais não entendem que vivamos a recibos verdes. E nós também não.
O público português começa a ir às salas para ver o que por cá se faz mas, ainda assim, tudo muito a custo, muito puxado para a comédia e nunca para um filme destes. A história de um boxeur do bairro social que se vê como muitos de nós: sem trabalho, sem dinheiro, no desespero total de ter que levar comida para a mesa e não ter como.
E o Nuno Lopes.....um actor brilhante. Não se manteve à sombra da bananeira e frequentou a Master Class da École des Maîtres estudando com mestres como Robert Castle, Susan Batson, Tom Brangle e Wass M. Stevens. Esteve em palco com textos Bertold Brecht, William Shakespeare, August Strindberg, Heiner Muller, Georges Perec, Beaumarchais, Ferenec Molnár e Pierre Corneille. E no sábado, a academia de Veneza tirou-lhe todos os chapéus e deu-lhe o galardão de melhor actor.
Os meus imensos Parabéns Nuno Lopes!
Sarah