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Experimentalista

Um guia, uma ideia, uma sugestão, ou apenas um sítio onde vir dar um passeio

Experimentalista

Um guia, uma ideia, uma sugestão, ou apenas um sítio onde vir dar um passeio

Seg | 15.05.17

Ele é o meu padre

Sarah

Há muitos anos, talvez desde o momento em que fui capaz de fabricar um pensamento fundamentado, que sempre pus em causa os métodos e as obrigatoriedades da igreja. Porquê que uma criança de 10 anos tem que se confessar para comungar, que pecados teria eu com essa idade, que me tornassem impura aos olhos de Deus? E porquê que se diz que os bebés têm que ser baptizados ou, se morrerem prematuramente, não entram no céu? E porquê que uma mãe solteira ou um pai divorciado não são bem recebidos na casa de Deus? Estas e muitas outras questões sempre me fizeram e fazem questionar a proximidade à igreja católica, 

Além disso, já aqui relatei que o padre que vai baptizar a minha sobrinha me põe em causa enquanto modelo de fé e de vida por viver com um rapaz sem estar casada com ele. Estas coisas deixam-me doente, contudo, uma noite, depois de um conclave, quando vi um senhor de alguma idade, com uma cruz de madeira ao pescoço chegar-se à varanda papal, senti que havia esperança no mundo cristão. 

O Papa Francisco jogou à bola e adora o seu clube o San Lorenzo. O Papa Francisco trabalhou como porteiro de discoteca e teve namoradas. O Papa Francisco abriu as portas da Basílica de S. Pedro para baptizar filhos de pais divorciados ou de mães solteiras. O Papa Francisco lavou os pés de refugiados e beijou todos os bebés que encontrou pelo caminho. O Papa Francisco faria de mim uma assídua frequentadora da missa, morasse eu em Roma, só pelo prazer de o ouvir falar. 

Neste 13 de Maio, teria certamente sido muito feliz em Fátima, o local que para mim, em Portugal, concentra mais vendilhões do templo por metro quadrado. Fiquei feliz por não ter havido um atentado (as probabilidades estavam todas lá) e, acima de tudo, fiquei feliz por ver que tanta gente foi ali por ele, independentemente de todo o misticismo associado ao local. 

Neste 13 de Maio, Portugal foi pequenino para tantas graças concedidas. Venham mais dias assim. 

Sarah

Dom | 14.05.17

Pequeno Drácula do meu coração!

Sarah

Não me levem a mal, eu adoro o miúdo, mas senti que o podia apelidar de pequeno Drácula: As vestes negras, o ar esbranquiçado de quem não é de praias e os maneirismos com as mão, tornaram o Salvador no meu pequeno Drácula.

Confesso que a ccanção que nos deu a vitória no Festival da Canção não me ganhou à primeira. Muito por culpa minha, que não a ouvi com "olhos de ver" mas, caramba, assim que ela tomou conta dos meus ouvidos...foi arrebatadora!

Há uns tempos comentei noutro blog que, se fosse no Brasil, era bossa nova, era Chico ou Caetano, era sambinha lento, era a merecedora herdeira do "Sozinho". E eis que surge um vídeo do Caetano himself, a dizer que adora o Salvador e que a vitória devia ser dele. Têm noção, do que é ter O Cateano Veloso, o ícone da MPB a dizer que a mal amada música do nosso miúdo estranho devia ganhar um festival por ser simplesmente maravilhosa? 

Ele foi mal Amado, o Salvador, tal como qualquer português que que sai da norma, que destoa da Maria Leal. Para mim, o mais gritando exemplo ou comparação de como nós, os portugueses, não aprendemos com os erros, é o caso do António Variações, de quem serei eternamente uma fã. No seu tempo, num Portugalinho pequenino mas ávido consumidor do que vem de fora, o Variações era um gajo estranho com uma barba medonha. Pior, era um maricas. Claro que, como qualquer português brilhante que nunca foi reconhecido, depois de morto tornou-se um ícone nacional. Ainda bem que isto não aconteceu com o Salvador.

Ontem acompanhei o festival da Eurovisão como acompanhei a final do Euro 2016: sofri em frente ao sofá, "pedi" a Nossa Senhora o seu televoto e saltei como se fosse golo quando o vi vitorioso. E, se gosto dele como artista, ainda o aprecio mais enquanto pessoa: um artista de carne osso, feito de sonhos e paixões assolapadas pelas folhas das árvores, ou uma mulher bonita. O Salvador é feito daquilo que os verdadeiros artistas são: sonhos e um imenso amor, dependência até, daquilo que todos os dias o mantêm vivo, a sua arte. 

Acho que nesta fase não me adiante de muito tecer aqui grandes teses e dissertações sobre a obra, o desempenho e o reconhecimento dados ao Salvador, à sua irmã Luísa e a toda a equipa que os colocou onde mereceram estar. Mas, como amante da Disney que sou não consigo deixar de o associar a esse mundo: a voz e a interpretação aliadas a uma letras que, de cada vez que ouço cantada, me trás as lágrimas aos olhos, me fazem imaginá-lo sentado à beira de um lago, mirando ao longe a sua princesa guardada numa torre por dois dragões. Deixo-vos por isso uma animação lindíssima do universo Disney musicada com a "Amar pelos Dois". 

Este vídeo foi composto por um não-português, tal como a vitória nos foi dada por não portugueses. Sim porque, dependendo dos de casa, o Salvador nem teria ido a concurso em Portugal.

Sonhem um bocadinho, bebam um chá quente e enrolem-se numa manta. É o que esta música merece.

Sarah

Qui | 11.05.17

Ainda sei como isto se faz?

Sarah

Já não me lembro da última vez que me sentei ao pc para escrever no blog, sendo que vir aqui fazer publicidade a fatos de banho não vale como "escrever para o blog", ainda que me tenha dado 13 (!?!?!?) seguidores novos! Amor para vocês meus queridos, bem vindos ao tasco mais negligenciado dos arredores de Lisboa.

Eu preciso disto, do teclar dos dedos nas teclas, de sentir que o meu cérebro até trabalha bem mas do que ele gosta mesmo é de escrever. E por falar em trabalho.....que aventura em que me meti!

Passei de uma situação laboral muito precária (recibos verdes) e de repente tenho contrato, subsídios, pagam-me os transportes! É como chegar a um país tipo a Suécia: tu sabes que existe, mas não acreditas que algo funcione assim tão bem.

Mas, nem tudo são rosas senhores. Há trabalho até ás pontas dos cabelos, isto se eu estiver com um carrapito ou então com uma palmeirinha no topo da cabeça. Em um mês, ainda não tive um dia a sair sem nada previsto para o dia seguinte mas sabem que mais? Ainda bem. no meu último emprego, ainda que tivesse um horário de rainha e o melhor patrão do mundo (é mais um amigo na verdade) eu sentia-me a emburrecer de dia para dia. Não tinha estímulo, não havia trabalho. Agora, é como pegarem numa criança e enchem-na de açúcar, tudo antes de ir para a cama. Mas eu gosto disso, o meu cérebro gosta disso, precisa do caos para se organizar. Penso fazer ali carreira, crescer, tornar-me uma profissional em X. E isso, para quem já se viu sem esperanças, não é a luz ao fundo do túnel: é um holofonte em cima da testa.

Com isto, tive que ganhar novos horários e rotinas e ali não há blogs (nem tempo para) para ninguém. E ao fim do dia confesso que negligencio o meu sítio favorito. Porque é o que este blog, e as pessoas que me lêem, são para mim: um local onde não preciso de estar arranjada e bem falante para gostarem de mim. É a minha faceta radialista entendem?

Mas o blog.....a escrita...são tudo. Há quem ande de mota em alta velocidade ou faça desportos de risco para sentir adrenalina. Eu escrevo. Sou uma básica eu sei mas também sou a gaja que chora baba e ranho quando acaba o "Labirinto dos Espíritos" do Zafón (por quem sou altamente groupie!). 

Neste últimos tempos tenho apontado posts que quero escrever, coisas que fiz e gostei e recomendo que façam também mas, eu viria aqui até só para escrever "batata" numa página inteira. Além disso, dou por mim nos transportes a pensar como estarão as gentes daqui. "Como estará a Nervosinha e o bebé dela"? E a Mula? Isto não é só um blog. Nunca foi só um blog. 

Prometo voltar regularmente até porque, todos os viciados precisam da sua dose. 

 

Sarah