A meados de Janeiro levei um estaladão da vida, daqueles com as costas da mão, que nos fazem rodopiar e quase cair ao chão.
O meu pai não andava bem, não aguentava nada no estômago, vomitava, sei lá eu mais. Fez exames, insistimos para que fosse ao hospital, para que ficasse internado e, ao fim de 12 horas numa maca num corredor frio e cheio de gente doente, ficou internado.
Seguiram-me mais exames, mais espera, telefonemas diários "o resultado? já o tens? liga outra vez! os médicos precisam saber o que fazer". Souberam: era um adenocarcinoma gástrico. Era mau, muito mau, e podia ser ainda pior, dependendo do local no estômago que sua excelência o cancro, escolhera para confortavelmente levar o meu pai para longe.
Há quanto tempo estaria ali? Meses, mais? E sintomas? Apenas quando ficou grande demais e causou um entupimento no duodeno. Não doía, não picava, ardia, nada, estava calado, sorrateiro, a espera de me levar o meu pai.
No espaço de um mês o meu pai perdeu 13kg, esteve com uma sonda nasogástrica, foi operado, deixou de comer, voltou aos líquidos, aos sólidos, está em casa. E tem estômago. Num caso de "o mal o menos", ao menos o cabrão do cancro soube por-se confortável numa zona que permitiu um corte limpo, a seco, através de 5 buraquinhos feitos na barriga do meu pai.
No espaço de um mês tive tempo para chorar uma vez, no dia em que abri o envelope com o resultado da biopsia. Depois não tive mais tempo, tinha que ser reactiva e proactiva, tinha agora duas casas para tratar, contas para controlar, tinha que pensar se conseguia antecipar o meu casamento, nem que fosse para amanhã! Nem que me case amanhã, mas o meu pai vai, o meu pai entra comigo. Conversa egoísta ou não, se há alguém que, mais do que nos noivos, quer ir a este casamento, é o meu pai.
Passou um mês e tudo parece bem, tudo parece recuperar, depois de um grande incêndio, começamos a ver as pequenas folhinhas verdes a rebentar com as primeiras chuvas. E, por enquanto, ainda me caso em Outubro.
A quem me lê, não se descuidem, não deixem andar, não "vou amanhã ao médico, ou pro próximo mês, sinto-me óptimo". O meu pai também se sentia, até que deixou de sentir.
Cancro (por norma) não dói, não incomoda e não dá sinais, não numa fase inicial, não quando é apenas cortar e estamos limpos.
Pois é...que eu estou noiva desde Outubro de 2017 e só hoje escrevo este post!
Uma vergonha, um desatino, uma total falta de energia e com demasiadas "coisa" a acontecer nesta vida, o que não me permite sentar-me em frente ao ecrã e dissertar sobre aquele que pode ser o dia mais feliz ou o maior arrependimento da minha vida.
Eu sei que soa muito pouco animador e muito trágico eu colocar o dia do meu casamento desta forma mas, a vida de casado que conheço, o meu exemplo mais directo, não me deixa ver o casamento com coraçõeszinhos nos olhos. Contudo, também não me posso queixar que vim ao engano ou que "era uma virgem inocente!" e isto só pode ser bom! Digamos que.....expecting the best é como eu me sinto!
Então pois bem......de Outubro de 2017 a Outubro de 2018, o que é que já fechámos para a Boda do Ano?
Posso dizer que, em um mês, resolvemos os Big 3 (sim, referencia ao This Is Us!):
- Data + Local + Igreja e um 4ª ponto, para muitos se calhar não tão importante mas que, a mim, ajuda a ter uma linha de prumo: o tema.
Posso revelar que o nosso tema é The Great Gatsby. Além de adorar o filme e o livro, acho que é de uma estética lindíssima, para lá de elegante, intemporal e, a bem da verdade, é mesmo isto que eu quero que o nosso casamento seja. Claro que teremos sempre uma pimbalhada a meio da festa mas isso são outros detalhes.
O termos tratado destes grandes passos para o casamento com tanta antecedência permitiu-me ter tempo para, a 7 meses do grande dia, poder pensar em detalhes, o que me facilita muito na hora de pensar em todas as coisas que uma noiva tem que tratar: vestido, cabelos, maquilhagem, convites, como receber os convidados em casa, onde lhes dar casa, carro para a noiva, flores, sapatos, AHHHHHH!
Eu, que trabalho em eventos todos os dias, que todos os dias sou uma bombeira do excel, a resolver transferes que falharam e voos cancelados, dou por mim por vezes a pensar que, eu não consigo fazer isto sozinha. A bem da verdade, não estou assim tão sozinha, uma vez que devo ter o noivo mais participativo da historia e duas grandes amigas que, uma trabalha comigo e a outra está a organizar o festival da canção ahahah e senhores, ainda assim, por vezes, nos vemos todos a apanhar bonés...
Pois bem, mas com as maiores decisões tomadas (the Big Three), entretanto também já escolhemos o fotógrafo, a animação, o design dos convites, o carro da noiva, o estilo de decoração que quero na Quinta e na Igreja e sim, também já tenho o meu vestido! (gritinho histéricos e mãozinhas no ar)
Com isto, o que ainda nos falta? UM MUNDO DE COISAS! Tenho que ir a minha igreja porque vamos casar na igreja do noivo, preciso de florista, de sapatos, temos que ir ao registo que casar pela igreja é bonito aos olhos de Deus mas, aos olhos do dito Estado vale de pouco, temos que imprimir os convites, escolher um local para o almoço do dia seguinte, eu sei lá!
Contudo, prometo começar agora uma série de posts para as futuras noivas ou as noivas que já o são, com ideias, fornecedores, Do´s and Dont´s, calendários para nos organizar-mos, etc.
Entretanto, aproveito para deixar o que para mim é o mais importante e relevante conselho que posso dar a qualquer casal que vai dar este passo:
Defendam o vosso casamento!
Defendam o dia que escolheram, a hora, se é religioso ou não, se vão de vestido branco ou azul, se é intimista ou um arraial do Sto. António, DEFENDAM-NO! Garanto que o que não vos vai faltar é quem diga que não gosta da data, da hora, do local, do noivo, da noiva, do tempo, ou de Nosso Senhor Jesus Cristo e por isso só vai ao almoço!
Defendam o vosso dia do vosso casamento pois as únicas duas pessoas para quem tudo deve fazer sentido são vocês. noivo e noiva. Defendam essa concretização do amor, defendam!