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Experimentalista

Um guia, uma ideia, uma sugestão, ou apenas um sítio onde vir dar um passeio

Experimentalista

Um guia, uma ideia, uma sugestão, ou apenas um sítio onde vir dar um passeio

Qua | 18.05.16

O país anda com as prioridades trocadas

Sarah

Estamos numa sociedade tão retorcida e desiludida com o comportamento do outro que quando alguém (de preferência figura pública) tem uma atitude nobre essa atitude é logo conotada de "manobra de marketing" ou então, citando essa grande escritora (*cof cof*) MRP "não há coincidências".

A última fornada de teorias prende-se com o programa "E se fosse consigo" e com a aparição da Catarina Martins ali a meio do episódio. Já li de tudo um pouco por esta internet:

 

-Que ela foi lá posta para dar força ao governo;

-Que quando ela diz "gostava que fosse consigo" se denunciou toda a farsa ali engendrada;

-Que é muita coincidência esta "malta da esquerdalha" andar a passear na Estrela, conhecido jardim de rico;

-Que os média são todos uma merda e agora até os comunas compactuam com isso;

 

Fui almoçar......comi bem.....digeri, e agora sim, sinto-me em condições de comentar este assunto mas, ao invés de dar resposta, prefiro fazê-lo com outra pergunta:

 

-Vós, povo teórico e de memória literária, que facilmente se entrega ao devaneio da criação e da busca do lado mau do outro: perdem pelo menos algum tempo a ver a história das 3 miúdas que apareceram com os testemunhos REAIS? Hun? Não? Prossigo: vós, povo criativo, se tendes filhas e filhos, usaram isto para debaterem com eles a noção de "não se bate ás pessoas, com flor ou sem flor" ou acharam mais graça e encanto ao facto da Catarina Martins ter aparecido e ter feito aquilo que a maioria de vós, cagões, não faria? Hun? Oi? Repitam que não ouvi!

 

Irrita-me e, esta semana tem-me irritado especialmente, esta necessidade de encontrar o lado mau do outro ou de automaticamente encontrar nas acções do outro uma razão para. Eu não conheço a Catarina mas se há pessoa que eu não vejo a fazer uma destas é ela. A mulher é como a Inês Castel-Branco: não ri porque lhe pedem, ri-se porque quer. Acham mesmo que se meteria numa destas? Mais, ainda que ela tenha tido uns momentos como actriz no percurso dela, a questão final é: o que é que ela ganhava com isto? A SIC pagava-lhe? É uma manobra de mostrar ao mundo que os comunistas já não comem criancinhas?

 

O português perdeu o foco, em tudo. Ainda que eu ache que a série está demasiado ficcionada, em todos os episódios, tem pelo menos o poder de levantar o debate e criar assunto fora as novelas e a 234ª edição da casa dos segredos e, o português, preocupa-se com a Catarina Martins. 

Foram ali revelados números absurdos de violência doméstica, que agora começa no namoro. Os miúdos andam com as prioridades todas trocadas e acham que ver o telemóvel ou serem forçados ao sexo é normal e aceitável. Estamos em 2016 e o "entre marido e mulher ninguém mete a colher" continua a ser o lema de muito boa gente. Se a Catarina foi lá posta ou não a mim não me tira o sono. O que me preocupa, verdadeiramente, é que as miúdas de hoje com acesso a educação, informação e ajuda ainda se deixam bater e maltratar em "nome do amor". 

 

Aprendam com estes ainda tenros homens que já o são, muito mais do que muito animal que por aí anda. Deste programa apenas tenho pena de uma coisa: e se fosse ao contrário? Se fosse uma mulher a bater num homem. Já era aceitável? Obviamente, não. 

 

 Sarah

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