Purple God
2016 está para a morte de grandes artistas como o século XX está para as Guerras: é uns atrás dos outros.
Estava eu na passadeira do ginásio (coisa só por si já bastante sofrida) quando na tv aparece, em letras garrafais "Prince morreu". Fora o esbardalhanço que ia ando, esbardalhei-me por dentro.
Eu quase que fui criada pela VH1. Foi a minha companhia durante tardes infinitas e juro que não houve uma dessas tardes em que um dos seus videoclips não passasse. Desde o "sexy motherfucker" (que eu ouvia sem som porque sabia que sexy e motherfucker não eram coisas boas) ao "Purple Rain" ou o "The Most Beautiful Girl in the World" (o meu favorito até hoje), este tipo viu-me crescer tendo sido para mim uma espécie de tio maluco com quem a nossa mãe não nos quer deixar.
Ele foi irreverente ainda a Gaga apenas comia os bifes e não os vestia; eles fez videoclips arrojados ainda a J-Lo andava de rabo tapado; ele elogia as mulheres e o género feminino (assumindo-se várias vezes um sem género) ainda o Adam Lambert não sabia o que era o eyliner. E fora toda a sua imagem muito marcante e vincada, havia nele aquilo que nos faz admirar um artista: o seu talento. Ele compunha, musicava e cantava as suas músicas e fazia-o para os outros artistas. Tinha a sua imagem, o seu som e o seu ideal e desde sempre batalhou contra a "normalização" para agradar a todos. Ele agradava a quem queria e não a quem queria ser agradado por ele e isso é das coisas que mais admiro numa pessoa.
Sabem que podia estar aqui a fazer um post de 3h sobre o Prince, os seus álbuns e o som marcado que nos deixará para sempre mas quem gosta do Prince, sabe que tudo isto seria desnecessário.
Este ano, à velocidade que o ícones vão caindo, o melhor festival de verão vai ser lá em Cima. Já sabia que Deus tinha bom ouvido, mas este ano, ele está excepcional.
Deixo-vos o halftime da Superbowl, protagonizado por ele em 2007.
Sarah