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Experimentalista

Um guia, uma ideia, uma sugestão, ou apenas um sítio onde vir dar um passeio

Experimentalista

Um guia, uma ideia, uma sugestão, ou apenas um sítio onde vir dar um passeio

Sex | 13.01.17

Sobre a sexta-feira 13

Sarah

Quando cheguei à plataforma do metro, passava nos altifalantes que a Linha Vermelha estava com perturbações....por causa de um passageiro. Para quem anda de metro em Lisboa, sabe que isto é sinal de que alguém se atirou para a linha, alguém se suicidou. 

Eu não critico quem o faz, apesar de ser uma solução que não entendo. Apenas não consigo imaginar que vida poderá ser tão insuportável para que a única solução seja por-lhe um fim atirando-se para cima de uns carris, com uma composição de 10 toneladas a avançar na sua direcção. 

O suicídio foi (e ainda é) uma solução para os males insolucionáveis. Desde o início dos tempos que o suicídio era a resposta para a ditadura das ideias, a ditadura dos amores, a ditadura das guerras....as ditaduras em geral, que é como quem diz, lidar com as insuportáveis imposições de terceiros. O problema é que agora eu não acho que o suicídio seja o escape de uma ditadura mas antes, o escape de um estado de profundíssima tristeza. Daquela tristeza que nos deixa problemas cardíacos e leva ao aparecimento de doenças auto-imunes. O tipo de tristeza em que a ideia de estar morto e já não sentir mais nada é tão deliciosa como o sol de Inverno num dia muito frio. Na depressão, o suicídio é isto: o morno bafo da paz que a vida já não nos deixa ter.

Não sei quem se jogou hoje na linha do metro. Não sei porque o fez, ou porque escolheu a hora de ponta, numa plataforma cheia, numa estação de confluência de linhas. Sei que ouvi os comentários: que devia ter vergonha, que "se quer morrer que se enforque mas não me atrase a vida!". Reacções de quem nunca esteve mortalmente triste, como é óbvio. 

Supersticiosos ou não, na sexta-feira 13 de hoje, alguém achou que o mundo já deu o que tinha dar. Temo pelos que já assim se sentem, mas não viram no dia de hoje o momento ideal. 

 

Sarah